«-Corporación dermostética, fala a Marta...»
«-Estou Marta, sou eu..»
Aquele "eu" já era conhecido. Aquela voz vinda do fundo do cano, quase como uma voz longínqua do além, cujas palavras ficam presas de quando em vez no nó a garganta....
«-Boa noite, sr.Sintra!Entaõ o que vai ser?»
«-Apetecia-me algo bom...»
«-Tomei a liberdade de pensar nisso, senhora..hrrm nhor. Que tal uma depilação a cera quente no peito?»
«-Bravo!»
Enfiou-se pelo trânsito da Av. de Berna, ansioso por aquele momento de prazer e de luxúria que o aguardava... De repente, uma estranha vibração excitou-lhe a saliência, de tal forma que os piscas do carro acenderam... Prestes a uivar de prazer lembrou-se que o telemóvel que tinha no bolso devia estar a vibrar. Olhou para o visor: «Moura Cutxi Cutxi». Atendeu.
«- Amigo, nem sabes o material que tenho em mão...»
«-O quê? Arranjaste aquilo que te pedi?O livro fantástico?As Viagens na minha terra?»
«-Não! Melhor que isso... Tenho 100 trabalhos de semiótica para rirmos um bocado, fazer aviõezinhos, liparmos o rabo, embrulharmos prendas de natal.. Faz bem ao ego... Epá tenho aqui um sobre o preservativo vê lá! Parece-me excitante!Mas vai ter má nota...Não anexou um preservativo, por isso finjo que não sei o que é...»
Sintra ficou indeciso... Por um lado a tortura, por outro esse prazer de enrolar trabalhos de semiótica, rir um bocado daqueles alunos cognitivamente inferiores... opá? o que é que eu faço??
- tortura?
- trabalhos de semiótica?