Análise semiótica do Gigi

O Gigi é o Duque de Bragança, preso eternamente no jardim do Éden, onde as pessoas saltam nuas, apenas com uma parra a cobrir o essencial e só nos dias de Inverno, a cantar "The hills are alive" de mãos dadas, numa harmonia perfeita.

Ali faz-se o amor livre no meio da natureza, sem pudores, sem exclusões, e celebram-se as bodas de prata todos os anos, sucessivamente, sem que se dê pelo tempo passar.

Ali ainda não houve peste negra, inquisição, guerras mundiais, bombas atómicas ("opá, porque é que existem armas?"), Hitler, Bin Laden, George Bush, Terrorismo, Gripe das Aves, etc...

O único programa emitido numa pequena televisão de 16 pulgadas, a preto e branco, é a Floribella, representada pela Hannah Arendt, e que se assemelha tremendamente a uma missa dominical, onde se fala de Paz, pombas brancas, amizade, amor, Deus, direitos do Homem... O carácter pacifista deste programa é tal, que ali todos se tratam por "amigo" e não por "doutor", mesmo que a outra pessoa seja a coisa mais odiosa e aberrante à face da terra.

A inocência é tão grande que, quando desce à realidade para dar aulas, Gigi chega a confundir a vontade de não ter aula dos alunos com uma demonstração perfeita de solidariedade, bondade, carinho, afecto.

O efeito disto tudo, é que toda a gente o quer adoptar como avô ou como pai (depende das preferências etárias). Por isso, e sem me querer aproveitar dos vossos recursos financeiros, vamos proceder ao leilão do Gigi, sendo a base de licitação 5 mil euros. Podem deixar as vossas propostas até dia 1 de Novembro.